O número de profissionais que atuam no setor da indústria criativa no Brasil cresceu 11,7% de 2017 para 2020, com distribuição desigual entre as áreas. Enquanto em consumo o número de vínculos empregatícios subiu 20% e em tecnologia aumentou 12,8%, em cultura houve queda de 7,2% e em mídia diminuiu 10,7%.
Os
dados estão na sétima edição do Mapeamento da Indústria Criativa, divulgada
hoje (5) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O
levantamento mostra que o país tem hoje 935 mil profissionais criativos com
empregos formais, sendo 47% deles na área de consumo, 37,5% em tecnologia, 9,1%
em mídia e 6,4% em cultura.
A
Firjan divide a indústria criativa em cultura - que inclui expressões
culturais, artes cênicas, música, patrimônio e artes; tecnologia, com
tecnologia da informação e comunicação (TIC), biotecnologia e pesquisa e
desenvolvimento, a área de consumo - que abrange publicidade e marketing,
design, arquitetura e moda; e mídia, que se refere aos segmentos editorial e
audiovisual.
A
primeira edição do levantamento é de 2008 e a periodicidade era bianual, mas a
entidade decidiu atrasar um ano o levantamento para incluir 2020, reunindo
informações sobre como a pandemia de covid-19 afetou o setor. A fonte do estudo
é o Ministério do Trabalho e Previdência.
As
principais quedas no vínculo empregatício do setor, de 2017 para 2020, foram
nas artes cênicas (-26,6%), patrimônio e artes (-20,6%), moda (-16,9%) e
editorial (-14,4%). Os aumentos mais expressivos no mesmo período ocorreram em
publicidade & marketing (48,2%), biotecnologia (22,7%), TIC (18,5%) e
expressões culturais (7,8%).
Por
estado, os maiores mercados da indústria criativa continuam com São Paulo, que
soma 380,4 mil vínculos, e o Rio de Janeiro, com 95,7 mil. Na área da cultura,
se destacam os estados do Norte e do Nordeste na quantidade de profissionais no
setor:
Paraíba
(13,6%); Bahia (12,2%); Piauí (11,8%); Alagoas (11,4%); Acre (11,0%) e Rio
Grande do Norte (10,6%) lideram o ranking de participação de profissionais na
área cultural.
Segundo
a Firjan, a participação da indústria criativa no Produto Interno Bruto (PIB)
passou de 2,61% em 2017 para 2,91% em 2020, com um total de R$ 217,4 bilhões,
percentual recorde na série histórica, iniciada em 2004. O valor se compara à
produção da construção civil e ultrapassa a extração mineral.
Pandemia
O
vice-presidente da Firjan, Leonardo Edde, destaca que as mudanças refletem os
novos modelos de negócio e hábitos de consumo, com a expansão da tecnologia na
pandemia e a consequente necessidade da transformação digital de empresas de
todos os segmentos, bem como a reestruturação do setor de mídia, que alterou as
formas de produção, disseminação e consumo de conteúdo.
“As
produções criativas nos ajudaram a encarar os dias difíceis de pandemia e a
manter a saúde mental no isolamento. O problema é que nós apenas consumimos,
mas não geramos mais dessa riqueza em razão do isolamento e de outras barreiras
físicas geradas pela pandemia. Ou seja: aumentou o consumo e caiu a produção
cultural”, diz.
A
pesquisa destaca que o cenário no fim do primeiro ano da pandemia era de 14,8
milhões de desempregados no país, o que correspondia a 14,7% da população
economicamente ativa, incluindo 31% dos jovens.
De
acordo com o estudo, a remuneração média dos profissionais do setor criativos,
de R$6.926,00 em 2020, era 2,37 vezes maior do que a remuneração média do
trabalhador brasileiro, que estava em R$2.924,00. Em 2017, essa diferença era de
2,45 vezes.
A
gerente de ambientes de inovação da Firjan, Julia Zardo, destaca que as
mudanças de paradigma vivenciadas durante a pandemia foram incorporadas e
convivem com os antigos.
“Esses
paradigmas coexistem e a gente está criando novos. Como o analógico vai
conviver com o tecnológico, essas experiências vão ser ressignificadas. O
presencial e o digital, o ser humano tem usado as novas tecnologias de
informação e de comunicação, mas depois de dois anos usando, a gente lembrou
que o ser humano é um bicho social e precisa ir para a rua, se encontrar”.
Julia
destaca o aumento das vendas online, que subiram 785% em faturamento nos cinco
primeiros meses de 2022, na comparação com o período pré-pandemia. Apenas São
Paulo registrou 924 mil pedidos no e-commerce de janeiro a maio, seguido do Rio
de Janeiro, com 331 mil, e Santa Catarina, com 279 mil.
“A
gente tem uma pesquisa da Firjan do ano passado com as indústrias, mostrando
muitas mudanças no seu processo produtivo e de vendas. Em torno de 80% disseram
que não iriam voltar ao que era antes, que eles gostaram das mudanças e vão
continuar mudando cada vez mais”, diz Julia.
Análise temática
Esta
edição do mapeamento trouxe quatro análises temáticas. Edde explica que em Soft
Power e desenvolvimento com base na cultura e identidade dos territórios”, o
levantamento indica o potencial que o Brasil tem para usar sua imagem e
influência afim estimular negócios e gerar desenvolvimento.
“A
gente está trabalhando para trazer de volta o potencial positivo do Soft Power
brasileiro. É um país que, nos estudos internacionais, apresenta índices
positivos relacionados a um país festeiro, um povo amigável, receptivo. O
Brasil tem uma familiaridade muito grande no mundo”.
Ele
destaca, porém, que também há uma imagem internacional negativa do Brasil, que
precisa ser revertida.
“Essas
referências, como o jeitinho brasileiro, a malandragem carioca, contribuem para
esse Soft Power reverso, que traz uma imagem negativa ao empresariado, que é
uma imagem de corrupção, malandragem, jeitinho nos negócios e serviços e por aí
vai. Claro, existe a realidade do que acontece, como existe em qualquer lugar
do mundo, mas precisamos entender e trabalhar o nosso Soft Power de maneira
positiva.”
As
outras análises especiais são Definições e Fronteiras da Economia Criativa, que
propõe uma discussão sobre o que é Economia Criativa - Desafios à valoração de
intangível nas Indústrias Criativas, para tratar do papel central que os ativos
intangíveis vêm ganhando em uma economia cada vez mais digital; e Aspectos da
Proteção da Propriedade Intelectual”, que discute a venda de cópias e o
licenciamento de direitos autorais
O
estudo completo está disponível no site https://www.firjan.com.br/EconomiaCriativa.
Centro
de referência audiovisual
A
apresentação do estudo ocorre junto com o lançamento da Escola Firjan Senai
Sesi Laranjeiras, que será um centro de referência no setor de audiovisual do
estado do Rio. Serão ofertados no local, na Rua Ipiranga número 75, cursos
técnicos como Produção de Áudio e Vídeo, Desenvolvedor de Conteúdo de Youtube e
Computação Gráfica.
A
estrutura conta com laboratórios de figurino, captura de movimento,
colorimetria, workstation e de fabricação digital, com impressoras 3D e
máquinas de corte a laser. Edde destaca que a escola se alinha às mudanças
estruturais que atingem a indústria criativa.
“Existe
uma tendência muito forte de digitalização do setor, e a nossa escola vem para
atender essa necessidade e inserir no mercado mais profissionais com todos os
tipos de qualificação, especialmente neste momento em que as produções foram
retomadas e estão a pleno vapor”.
Mais
informações no site www.firjansenai.com.br/audiovisual.
Da
Redação/Viva Notícias
Fonte: Agência Brasil
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