Familiares, amigos e fãs do ator e diretor Milton Gonçalves, ícone da TV brasileira, poderão prestar mais uma homenagem ao artista nesta terça-feira (31), quando o corpo de Milton será velado. A cerimônia aberta ao público acontecerá no Theatro Municipal, no Centro do Rio, a partir das 9h30.
Milton Gonçalves grava vinheta de fim de ano da Globo em 1997 — Foto: Acervo TV Globo
Milton
Gonçalves morreu em casa, no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (30), aos 88
anos. Segundo a família, a morte do ator foi consequência de problemas de saúde
que ele vinha enfrentando desde que teve um AVC, em 2020.
Na
ocasião, o ator ficou três meses internado e precisou de aparelhos para
respirar.
Conhecido
por trabalhos marcantes em novelas como "O bem-amado" (1973),
"Pecado capital" (1975) e "Sinhá Moça" (1986), o ator
também venceu preconceitos e lutou pelo reconhecimento do trabalho dos negros,
como lembrou o filho e também ator Mauricio Gonçalves (leia mais abaixo).
Nascido
em 9 de dezembro de 1933, na pequena cidade de Monte Santo, em Minas Gerais,
Milton Gonçalves fez mais de 40 novelas só na Globo, onde também atuou em
programas humorísticos e minisséries de sucesso, como as primeiras versões de
"Irmãos Coragem" (1970); "A Grande Família" (1972); e
"Escrava Isaura" (1976).
Outros
trabalhos de destaque do ator foram as séries "Carga Pesada" (1979) e
"Caso Verdade" (1982-1986).
Sua
atuação como Pai José na segunda versão da novela "Sinhá Moça" (2006)
lhe valeu a indicação para o prêmio de Melhor Ator no Emmy Internacional. Na
cerimônia, apresentou o prêmio de Melhor Programa Infanto-juvenil ao lado da
atriz americana Susan Sarandon. Milton foi o primeiro brasileiro a apresentar o
evento.
A
última novela que o ator Milton Gonçalves participou na TV Globo foi "O
Tempo Não Para" (2018), quando interpretou o catador de materiais
recicláveis Eliseu.
Ainda
criança, Milton se mudou com a família para São Paulo, onde foi aprendiz de
sapateiro, de alfaiate e de gráfico. Ele fez teatro infantil e amador. Sua
estreia profissional acorreu em 1957, no Arena, na peça "Ratos e
Homens", de John Steinbeck.
Junto
com Célia Biar e Milton Carneiro, Gonçalves formou o primeiro elenco de atores
da Globo. Ele chegou à emissora a convite do ator e diretor Otávio Graça Mello,
de quem fora companheiro de set no filme "Grande Sertão" (1965), dos
irmãos Geraldo e Renato Santos Pereira.
"Não
tinha inaugurado nada ainda. Os três estúdios, aquele auditório, pareciam para
mim os estúdios da Universal. O primeiro salário foi 500 cruzeiros. E eu fiquei
feliz", recordou Milton em um depoimento para a TV Globo.
Ator
lutou por bons papéis para negros
O
filho de Milton Gonçalves, o também ator Maurício Gonçalves, lembrou que o pai
venceu preconceitos e lutou pelo reconhecimento do trabalho dos negros.
"Esse
Milton que as pessoas não conhecem, batalhador. Nunca deixou cair a peteca no
que tange aos filhos. O maior ensinamento meu pai me passou: ser guerreiro,
nunca abaixar a cabeça a não ser para os sábios, mas lutar o tempo todo".
Maurício
disse que sempre teve o pai como herói. Quando criança, quando viu a personagem
Zelão das Asas voando na novela ficou ainda mais impressionado.
"Ele
sempre voou e gerou esses frutos. A gente tenta fazer o melhor possível, a
gente tenta honrar essa memória do meu pai. A gente tenta fazer o melhor, mas é
lutar para tentar chegar perto", disse Maurício.
Outras
personagens como Rainha Diaba também foram muito marcantes. Era a época da
ditadura, e Maurício diz que não deve ter sido fácil fazer um fora da lei,
negro e homossexual, num tempo difícil, cheio de preconceitos.
Da Redação/Viva
Notícias
Fonte: g1
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