Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência divulgou nesta quinta-feira (14) que há, no banco de dados da pasta, 35 registros de acesso a gabinetes do Palácio do Planalto emitidos, desde o início do governo Jair Bolsonaro, em nome do pastor Arilton Moura, envolvido em suposto esquema de corrupção no Ministério da Educação.
Bolsonaro e Hamilton Mourão, durante encontro com Pastor Gilmar dos Santos, Presidente da Igreja Assembleia de Deus de Missão de Todos os Santos; Pastor Airton Moura Correia, Igreja Assembleia de Deus de Missão de Todos os Santos e Pastor José do Nascimento Pires Sampaio Junior, Igreja Assembleia de Deus de Missão de Todos os Santos. — Foto: Marcos Corrêa/PR
A
lista foi divulgada um dia depois de o próprio Palácio do Planalto dizer, em
resposta ao jornal "O Globo", que não poderia fornecer as informações
por motivos de segurança. Nesta quinta, o governo afirmou que a divulgação
"é fruto de recente manifestação da Controladoria-Geral da União quanto à
necessidade de atender o interesse público".
Segundo
o documento, há registros de 27 acessos do pastor Arilton a locais do Palácio
do Planalto em 2019, um em 2020, cinco em 2021 e dois em 2022.
Ele
esteve na Casa Civil, na Secretaria de Governo, no gabinete do vice-presidente
da República, Hamilton Mourão, e no gabinete responsável pela agenda do
presidente Jair Bolsonaro.
Na
lista fornecida pela pasta chefiada pelo general Augusto Heleno, há também
registros de 10 acessos a gabinetes por parte de outro pastor que estaria
envolvido no esquema: Gilmar dos Santos. Ele acompanhou Arilton Moura nessas
ocasiões.
No
dia 27 de agosto de 2021, o MEC solicitou à Controladoria-Geral da União
apuração sobre suspeitas de propina na pasta. Após essa data, Arilton esteve
seis vezes no Planalto, todas na Casa Civil. E Gilmar foi três vezes, também à
Casa Civil, conforme a relação divulgada pelo GSI.
Os
dois são investigados por suposta atuação como lobistas no MEC. A última visita
dos religiosos ao Planalto ocorreu, segundo o GSI, no último dia 16 de
fevereiro. Em março, foram publicadas as primeiras reportagens que apontaram
supostas irregularidades na pasta, até então chefiada pelo ex-ministro Milton
Ribeiro.
Santos
e Moura estão no centro das denúncias de irregularidades no Ministério da
Educação. Em um áudio, o ex-ministro Milton Ribeiro diz, durante reunião com
prefeitos, que repassava verba da pasta para municípios apontados pelos dois
religiosos. Ribeiro disse ainda que fazia isso a pedido do presidente Jair
Bolsonaro.
Depois,
o ex-ministro negou que favorecesse os pastores e que estivesse obedecendo a
uma determinação de Bolsonaro, apesar do áudio. Os dois pastores não têm cargos
no governo.
Após
o caso ter sido revelado, prefeitos relataram que Santos e Moura pediram
propina para liberar verbas do MEC aos municípios. Segundo os prefeitos, foram
solicitados dinheiro e até ouro e compra de bíblias como propina.
Bolsonaro
Santos
e Moura já foram registrados em fotos oficiais do governo em eventos no Palácio
do Planalto e em encontro com Bolsonaro no gabinete. Bolsonaro também já
participou de evento da igreja da qual os pastores fazem parte.
A
agenda do presidente da República registra pelo menos três encontros entre
Bolsonaro e o pastor Gilmar Santos. O primeiro encontro aconteceu em 25 de
abril de 2019. Participaram também o pastor Arilton Moura e outros líderes
religiosos. Segundo o divulgado pelo Planalto, o encontro durou 15 minutos.
Em
18 de outubro do mesmo ano, o pastor Gilmar visitou o presidente Bolsonaro
novamente. Desta vez sozinho, segundo a agenda do presidente. Eles ficaram
reunidos por 40 minutos, conforme a agenda. O terceiro encontro foi quase um
ano depois, em 14 de outubro de 2020. Bolsonaro e Gilmar ficaram reunidos por
25 minutos, também conforme registrado na agenda do presidente da República.
Encontros
com Milton Ribeiro
De
acordo com a lista, em 24 de fevereiro de 2021, Arilton Moura esteve na
Secretaria de Governo, às 9h02. Às 11h20 da mesma data, ele participou de
reunião no MEC com o ex-ministro Milton Ribeiro e prefeitos do Maranhão.
No
último dia 16 de fevereiro, os pastores Arilton e Gilmar estiveram na Casa
Civil por volta de 10h, ficando cerca de uma hora no local. Às 11h40, foram
recebidos em "visita de cortesia" no gabinete do então ministro
Milton Ribeiro.
CPI
Desde
que surgiram as notícias de irregularidades no MEC, senadores tentam protocolar
um pedido de criação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar
as denúncias.
Autor
do requerimento, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) chegou a anunciar que
havia conseguido as 27 assinaturas necessárias para registrar o pedido de
criação.
No
entanto, três parlamentares frustraram os planos ao retirar seus nomes do
requerimento, que atualmente conta com 25 assinaturas.
Parlamentares
aliados ao Palácio do Planalto atuam para esvaziar o movimento pela CPI. E o
líder do partido do presidente no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), em resposta
à articulação dos oposicionistas, apresentou outro requerimento de CPI, tendo
governos petistas como alvo.
Da Redação/Viva
Notícias
Fonte: g1
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