Os preços do leite e derivados subiram. A alta é motivada, principalmente, pela elevação do custo de produção e pela queda do investimento no setor.
Custo de produção elevou preço do leite — Foto: Reprodução / TV TEM
O
leite longa vida - vendido em caixinha - e os queijos ficaram quase 15% mais
caros nos últimos 12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) de março. Entre os derivados, a maior alta foi do requeijão, de
mais de 20%. Os Iogurtes e bebidas lácteas subiram 18%.
A
produção mais cara é causada por:
- alta
dos preços dos grãos, que são usados na ração das vacas;
- encarecimento
dos fertilizantes;
- energia
elétrica mais cara;
- combustível
mais caro;
- clima
seco ou com chuvas intensas, piorando a qualidade dos grãos e do pasto;
- encarecimento
da semente forrageira, usada para plantar o pasto.
Alimentação bovina encareceu
O
último dado fechado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
(Cepea), em março, mostra que o Custo Operacional Efetivo (Coe) da pecuária
leiteira registrou elevação em fevereiro de 0,76% na “Média Brasil”, o que
significa que ficou mais caro trabalhar com leite.
Assim,
em 2022, os custos de produção já acumulam alta de 2,39%, encarecendo também o preço
final ao consumidor.
Com
a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, o fornecimento de fertilizantes vindos da
Rússia, grande exportadora para o Brasil, ficou incerto, além de custar mais.
Os
fertilizantes são fundamentais para o trato do pasto e também para o
desenvolvimento de qualquer cultura, deste modo afetando a alternativa de
alimentação do rebanho: a ração feita a partir de grãos.
Estes
cereais representam a conta mais importante para o produtor, já que cerca de
40% do custo operacional efetivo das leiteiras brasileiras são de ração,
explica Natália Grigol, pesquisadora do Cepea.
“Então,
se você imaginar que houve uma alta substancial no preço desse insumo, é um
fator de muita pressão na atividade”, diz.
Os
grãos também são diretamente afetados pela guerra. A Ucrânia é líder na
produção de milho, sendo a 3° maior produtora mundial. Ambos os países se
destacam na produção de trigo, a Rússia é a maior exportadora e, a Ucrânia, a
quinta.
Até
mesmo a semente forrageira, usada para plantar o pasto, encareceu, informa a
pesquisadora.
Por estes motivos, apesar da alta dos produtos nas prateleiras, Natália alerta que o produtor não está lucrando mais. Na verdade, a pesquisadora conta que o custo tem desestimulado o setor e alguns pecuaristas acabam vendendo o rebanho e se desfazendo da atividade.
Queda
no investimento
Este
aumento do custo de produção tem limitado os investimentos no setor e, com
isso, o potencial de oferta caiu 0,63% de janeiro para fevereiro, aponta o
Cepea.
A
indústria de laticínios tem tido que competir entre si para manter os
fornecedores e não diminuir também a sua produção de derivados, como o iogurte
e o requeijão, diz Natália.
De
acordo com Índice de Captação de Leite do Cepea, a compra das indústrias caiu
8% nos últimos 12 meses.
Dificuldades
climáticas
Além
destes problemas, os preços do leite e dos derivados costumam subir durante a
entressafra, período que vai de abril a junho, quando chove menos no Brasil.
Mas, esse ano, esse período iniciou mais cedo e acontece desde fevereiro.
A
razão são as problemáticas climáticas geradas pela La Niña, que causou seca no
Sul do país e chuvas mais ao Nordeste. A partir disso, a qualidade das pastagens
e dos grãos foi impactada, piorando, por sua vez, a alimentação do rebanho.
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Vai
melhorar?
A
pesquisadora do Cepea não consegue prever ainda um cenário de melhora. Natália
aponta que em abril e maio os preços devem continuar subindo, pois o mercado se
mantém valorizado, ou seja, com os insumos mais caros.
Depois
disso, a previsão fica mais difícil. Segundo a pesquisadora, os preços já devem
alcançar patamares muito altos, impossibilitando que a demanda seja sustentada,
o que deve derrubar o ritmo de encarecimento nas prateleiras.
Apesar
dos altos custos, ela observa que a redução no poder de compra do consumidor
impede que as altas no supermercado sigam a mesma intensidade do campo.
Da Redação/Viva
Notícias
Fonte: g1
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