Até 1981, a Polícia Militar de Minas Gerais era composta apenas por homens. E foi exatamente nesse ano que foram abertas 120 vagas para mulheres, e mais de quatro mil concorrentes tentaram a oportunidade para entrar na corporação.
Coronel ficou na ativa da Polícia Militar até 2011 — Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação
"Eu
fazia engenharia civil em 1981 e não tinha nenhuma relação com a polícia. Por
algumas pessoas ao meu redor, tinha até um preconceito sem, de fato, saber como
era o trabalho. Minha mãe era professora do Colégio Tiradentes e me incentivou
a tentar. Só fiz a inscrição para agradá-la", contou.
No
entanto, a coronel se encantou com a profissão. Aulas de psicologia,
sociologia, relações humanas, ajudar a realizar partos. Segundo ela, como ter
mulheres na corporação era algo novo, tudo era muito rígido.
"Os
policiais não podiam conversar com a gente, era tudo muito respeitoso. Não
podia andar fardada na rua com um homem ao lado. Quando o meu namorado ia me
buscar na polícia, eu seguia na frente e ele atrás até chegar no ponto de
ônibus", relembra.
'Companhia
de brincos'
Em
1992, a coronel foi convidada a comandar a Companhia de Operações Especiais de
Trânsito, em Belo Horizonte. Ao todo, 120 homens trabalhavam no local quando
ela chegou.
"Eu
lutei por esse lugar. Cheguei e precisava criar credibilidade, existia zoação
com os meus comandados por parte de policiais de outras companhias. Falavam que
era companhia de brincos por ser comandada por uma mulher. A minha companhia
era extremamente produtiva e motivada, não tinha problema de disciplina. Depois
todo mundo queria ir trabalhar lá" conta.
Casos
marcantes
Em
toda a carreira, a coronel teve casos marcantes. Em um deles, ela se lembra de
quando ficou refém dentro de uma penitenciária de segurança máxima de Contagem,
na Região Metropolitana de Belo Horizonte, durante uma rebelião.
Por
quase dez horas, ela e outros militares ficaram em poder dos criminosos.
Luciene era casada na época e foi liberada depois que o então marido, um
capitão da Polícia Militar, ficou no lugar dela. Ele foi liberado pelos
bandidos 14 dias depois.
"Em
uma outra situação, estava de folga, fui buscar minha filha na escola e, ao
retornar, o trânsito estava impedido na avenida dos Andradas. Quando cheguei em
casa fui ver que era uma moça tentando pular do viaduto e não deixa ninguém se
aproximar. Fui lá com a roupa que estava, policiais e o Corpo de Bombeiros já
estavam no local. Cheguei e conversei para que ela não pulasse", disse.
Durante
toda a conversa com o g1 Minas, a coronel Luciene se emocionou, riu ao lembrar
de fatos da trajetória. Ela, que tem 59 anos e saiu da ativa da polícia em
2011, fala com orgulho da corporação.
"A
gente lida com vidas. Ser pioneira é ser exemplo, se você não der certo vai
atrasar a oportunidade de outra pessoa. Em nenhum outro lugar eu seria tão
realizada profissionalmente como na Polícia Militar", finalizou.
Da Redação/Viva
Notícias
Fonte: g1
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