Agentes da Divisão de Homicídios do Rio devem ouvir, nesta terça-feira (1°), o dono de um quiosque na praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, onde o congolês Moïze Kabamgabe trabalhou como atendente.
Ivana Lay, mãe de Moïse Kabamgabe, jovem congolês morto na Barra da Tijuca — Foto: Reprodução/ TV Globo
A
família de Moïse esteve nesta segunda-feira (31) com a Comissão de Direitos
Humanos da OAB, que vai acompanhar o caso.
Na
manhã desta terça, o prefeito Eduardo Paes disse que a morte do rapaz é
inaceitável e que a prefeitura está acompanhando o caso. "O assassinato de
Moïse Kabamgabe é inaceitável e revoltante. Tenho a certeza de que as
autoridades policiais atuarão com a prioridade e rigor necessários para nos
trazer os devidos esclarecimentos e punir os responsáveis. A prefeitura
acompanha o caso", disse Paes.
Causa
da morte
A
perícia no corpo de Moïse indica que a causa da morte foi traumatismo do tórax,
com contusão pulmonar, causada por ação contundente.
O
laudo do IML diz que os pulmões de Moíze tinham áreas hemorrágicas de contusão
e também vestígios de broncoaspiração de sangue.
Moïse,
de 24 anos, veio para o Brasil em 2014 com a mãe e os irmãos, como refugiado
político, para fugir da guerra e da fome. Ele trabalhava por diárias em um
quiosque perto do Posto 8, na Barra da Tijuca.
A
família disse que o responsável pelo quiosque estava devendo dois dias de
pagamento para Moïse e que, quando o congolês foi cobrar, foi espancado até a
morte.
O
corpo foi enterrado no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio, no domingo
(30). O sepultamento foi marcado por protestos.
“Meu
filho cresceu aqui, estudou aqui. Todos os amigos dele são brasileiros. Mas
hoje é vergonha. Morreu no Brasil. Quero justiça”, afirmou Ivana Lay, mãe de
Moïse.
“Uma
pessoa de outro país que veio no seu país para ser acolhido. E vocês vão
matá-lo porque ele pediu o salário dele? Porque ele disse: ‘Estão me
devendo’?”, questionou Chadrac Kembilu, primo de Moïse.
Agressões
filmadas
As agressões
teriam durado pelo menos 15 minutos e foram gravadas pelas câmeras de segurança
do quiosque. Moïse apanhou de homens que, segundo testemunhas, usaram pedaços
de madeira e um taco de beisebol.
"O
início da gravação que eu vi é ele reclamando com o gerente do quiosque. Alguns
minutos seguintes, o gerente pegou um pedaço de madeira para ameaçar ele. Até
então, ele estava só recuando. E o cara foi atrás dele. Como ele estava
reivindicando alguma coisa, ele pegou uma cadeira e dobrou para se defender.
Ele não chegou a atacar ninguém. O gerente chamou uma galera que estava na
frente do quiosque. Até então tinha só um sentado", contou Yannick
Kamanda, primo da vítima.
Segundo
o familiar, as agressões se agravaram.
"Veio
uma galera que o arremessou no chão, tentando dar um golpe de mata-leão nele.
Vieram mais algumas pessoas bater nele com madeira, veio outro com uma corda,
amarrou as mãos e as pernas para trás, passou a corda pelo pescoço. Ficou
amarrado no mata-leão, apanhando. Tomando soco e taco de beisebol nas costelas.
Até ele desmaiar", disse o primo.
De
acordo com o relato do primo que viu as imagens, o dia de trabalho continuou,
mesmo com a morte de Moïse.
"Eles
foram embora e ficou só o gerente do quiosque. E ele deitado no chão, como se
nada estivesse acontecendo. Trabalhando, atendendo cliente. E o corpo lá”,
afirmou Yannick.
Os
parentes só souberam da morte na manhã de terça-feira (25), quase 12 horas após
o crime.
Polícia
ouve testemunhas
A
Delegacia de Homicídios da Capital, que investiga o caso, está analisando
imagens das câmeras de segurança para tentar esclarecer o crime.
Oito
pessoas já prestaram depoimento na DH. A polícia disse que novas testemunhas
serão ouvidas durante essa semana. Ninguém foi preso até agora.
Da Redação/Viva
Notícias
Fonte: g1
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