A Justiça marcou para as 13h30 de 21 de fevereiro o início do júri popular dos cinco réus presos acusados de roubar, matar e queimar uma família em janeiro de 2020 no ABC Paulista. O caso, que teve repercussão à época porque a filha das vítimas está envolvida nos assassinatos, completa dois anos nesta quinta-feira (27).
Romuyuki, Flaviana e Juan foram encontrados carbonizados no ABC — Foto: Reprodução/TV Globo
Os
corpos foram encontrados carbonizados no dia seguinte pela polícia, em 28 de
janeiro de 2020, em São Bernardo do Campo. Estavam dentro do carro da família,
que havia sido incendiado.
Entre
os detidos preventivamente pelos crimes estão a filha do casal e irmã do
garoto, Anaflávia Martins Gonçalves, e a então namorada dela, Carina Ramos de
Abreu. Também foram presos os irmãos Juliano Oliveira Ramos Júnior e Jonathan
Fagundes Ramos, que são primos de Carina. O quinto preso é Guilherme Ramos da
Silva, vizinho dos irmãos Ramos.
Segundo
a acusação feita pelo Ministério Público (MP), três criminosos armados
(Juliano, Jonathan e Guilherme) entraram no imóvel com a ajuda da filha do
casal e da namorada dela (Anaflávia e Carina). Os cinco queriam roubar R$ 85
mil que estariam num cofre, mas, como não encontraram o dinheiro, decidiram
levar pertences das vítimas e matá-las.
Os
réus serão julgados pelos crimes de roubo, assassinato (homicídio doloso
qualificado por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou as defesas
das vítimas) ocultação de cadáver e associação criminosa.
"As
rés Ana Flávia e Carina agiram por cobiça, pretendendo alcançar o patrimônio
das vítimas. Quanto aos acusados Jonathan, Juliano e Guilherme, a prova oral
indica que agiram mediante promessa de recompensa", escreveu o juiz Lucas
na decisão do ano passado, que levou os acusados a júri.
Crimes
dolosos (intencionais) contra a vida, como o homicídio cometido contra a
família no ABC, são julgados por sete jurados. Ao magistrado, cabe apenas dar a
sentença de absolvição ou condenação. A pena máxima para assassinato é de 30
anos de prisão e pode ser aumentada, a depender das qualificadoras envolvidas.
Os cinco réus foram presos durante as investigações da Polícia Civil. Câmeras de segurança haviam gravado a entrada da quadrilha na residência das vítimas.
Além
disso, os investigados confessaram envolvimento no assalto e foram indiciados
pelos crimes. No entanto, em relatos durante a reconstituição do caso, eles
divergiram sobre quem matou a família e colocou fogo no carro.
Anaflávia,
de 24 anos, filha do casal e irmã do adolescente mortos, e a namorada dela,
Carina, de 26 anos, acusam os irmãos Juliano, de 22, e Jonathan, de 23, de
matarem a família e explodirem o veículo em que as vítimas estavam.
Juliano
e Jonathan, por sua vez, acusam a prima Carina de matar os empresários e o
adolescente e depois queimá-los.
Guilherme,
de 19 anos, vizinho dos irmãos Ramos, acusa Juliano de querer assassinar o
casal e o filho. Guilherme teria participado mais diretamente do roubo, e não
dos assassinatos, segundo sua defesa.
Justiça
Em
setembro, outubro e dezembro de 2020, ocorreram três sessões da audiência de
instrução do caso na Justiça. Por causa da pandemia de coronavírus, ela foi
feita por videoconferência, com os réus acompanhando tudo por monitores de
vídeo nas prisões onde estão detidos preventivamente.
Essa
etapa do processo serviu para o juiz ouvir depoimentos de testemunhas, além dos
argumentos da acusação e da defesa dos réus.
Durante
o interrogatório dos acusados, somente Anaflávia e Carina falaram – as então
namoradas confirmaram a versão que já haviam dado na reconstituição do caso. Os
irmãos Ramos e Guilherme ficaram em silêncio.
O
que dizem as defesas
No
ano passado, o advogado Leonardo José Gomes, que defende Guilherme, disse que
"a Justiça está parecendo apressar a condenação, dando datas para júri sem
que todos os fatos estejam incontroversos".
"A
acusação pegou todos, colocou num balaio e entregou em forma de
pronúncia", falou Leonardo. "Não houve individualização de atos ou
maiores esclarecimentos, quiseram, e querem, passar a falsa sensação de justiça
para todos que olham de fora, sem respeitar o devido processo legal ou os
direitos de cada acusado. Este processo está longe de acabar."
O
advogado Lucas Domingos, que defende a filha do casal assassinado, disse que
"a expectativa é de que consigamos fazer com que os jurados tomem
conhecimento da verdade".
"Anaflávia
fora envolvida neste caso. Como dito anteriormente, ela teve participação
apenas no roubo, em momento algum planejou, quis ou participou das mortes.
Sendo assim, através da individualização da conduta de cada réu, pretende-se
que a Anaflavia seja absolvida quanto aos homicídios, que como dito, nada tem a
ver", disse Lucas. "Por fim, também fica que a defesa tenta a cisão
do júri quanto a ele, ou seja, a separação do julgamento quanto a ela, em
fronte aos demais réus. Como inicialmente o juiz na aceitou, será tal decisão,
passível de recurso."
Fabio
Gomes da Costa, advogado de Carina, afirmou que sua cliente "não tem
nenhum envolvimento com as mortes. O plano dela com a Anaflávia era roubar
dinheiro que supostamente teria no cofre."
Alessandra
Jirardi, advogada dos irmãos Ramos, tinha afirmado que a demora da Justiça em
julgar o caso se devia ao fato de que o Ministério Público ainda não ter feito
as alegações finais ao juiz, conforme determinava o rito processual.
Da Redação/Viva
Notícias
Fonte: g1
Nenhum comentário
Postar um comentário