Em reconhecimento ao seu empenho na defesa da vida na Amazônia, em especial no arquipélago do Marajó, dom José Luis Azcona, recebeu o Prêmio Internacional Jaime Brunet pela Promoção dos Direitos Humanos da Universidade Pública de Navarra 2021. A instituição funciona na cidade de Pamplona, na Espanha, a mesma onde nasceu monsenhor Azcona, bispo emérito do Marajó. Ele é agostiniano recoleto e intimamente ligado a Dicastillo. O júri externou em sua decisão, por unanimidade, que a intenção de premiar Azcona se justifica por "sua luta incansável pela promoção e defesa dos direitos humanos no Brasil" e, em particular, "sua atitude firme contra a exploração sexual e o tráfico de menores".
A
decisão sobre o prêmio ao bispo foi anunciada na quinta-feira (9), véspera do
Dia Internacional dos Direitos Humanos (10 de dezembro). O anúncio reuniu o
presidente do júri e vice-presidente da Fundação Brunet, Joaquín Mencos
Doussinague, e o secretário do júri e professor de Direito Constitucional do
UPNA, Alejandro Torres Gutiérrez. A premiação de monsenhor Azcona foi saudada
por lideranças políticas e comunitárias, como a deputada Marinor Brito (PSol)
nas redes sociais. "Recebi com emoção a notícia que dom José Luis Azcona
recebeu, no Dia Internacional da Declaração dos Direitos Humanos, a premiação
internacional pela sua incansável luta em defesa dos direitos humanos e contra
a prostituição infantil", postou a parlamentar.
Atitude
O
júri destacou a posição de Azcona em sua "luta incansável pela promoção e
defesa dos direitos humanos no Brasil, principalmente por sua atitude firme
contra a exploração sexual e o tráfico de direitos humanos, menores e mulheres
por quase três décadas", ou seja, de 1987 a 2016. Os jurados também
enfatizaram a atuação de dom José Luis Azcona contra a destruição do meio
ambiente e a sobreexploração dos recursos naturais e da pesca na região. Essa
atitude de lutar pela vida “pôs a sua vida em perigo”, como frisou o júri, mencionando
que em 2007 ele chegou a ser "ameaçado de morte pelas máfias locais”.
A
Fundação Jaime Brunet, desde o início, como destacou o júri, é inspirada por
valores em prol dos direitos humanos, o que motiva dom Azcona, em especial com
relação aos cidadãos desfavorecidos e em prol da dignidade da mulher.
Joaquin
Mencos enfatizou: "Se nos colocarmos no lugar deles perceberemos as
enormes necessidades que as comunidades locais têm de apoio, que foram
pressionadas por décadas por interesses empresariais devido ao desmatamento e à
pesca predatória”. Ele pontuou s abusos de meninos e meninas adolescentes.
Alejandro
Torres informou que foram apresentados a este prêmio um total de 82 candidatos,
dotado de 36 mil euros, valor este, que, como disse Mencos, "serão seguramente
bem utilizados" para ir ao encontro das necessidades que "sabe que
tem à sua volta". Os recursos deverão ser utilizados em programas de apoio
e proteção a vítimas de tráfico realizados pela Fundação Ágape da Cruz, a
Comissão de Justiça e Paz e o Instituto de Direitos Humanos Dom José Luis
Azcona.
Denúncias
Dom
José Luis Azcona nasceu em Pamplona no ano de 1940. De 1966 a 1970, ele atuou
como capelão de imigrantes espanhóis na Alemanha. Atua no Brasil desde 1985. A
candidatura dele ao Prêmio Jaime Brunet foi apresentada pela Rede Internacional
de Solidariedade Agustino Recoleta e indica que os seus artigos na imprensa
local, por meio dos quais defendeu estes trabalhadores, geraram polêmica e
fizeram alguns empresários solicitarem aos seus superiores que ele parasse com
essa ação, argumentando que o monsenhor não tem permissão para comentar sobre
esses assuntos.
Como
informou a Universidade Pública de Navarra, a candidatura de Azcona destacou
que em 2009 ele promoveu a Comissão de Inquérito na Assembleia da República do
Estado do Pará sobre violência e abuso sexual contra crianças e adolescentes,
especialmente em Marajó. Nesse processo, dom Azcona "relatou o
envolvimento de políticos e empresários no recrutamento de menores” que às
vezes eram “abordados nas escolas e nas ruas em plena luz do dia”. Esta é a
segunda vez que o prêmio em 20 edições é atribuído a uma pessoa nascida na
Comunidade Autônoma de Navarra, cuja capital é Pamplona onde nasceu monsenhor
Azcona.
Da Redação/Viva
Notícias
Fonte: O liberal
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