O consumo exagerado de álcool deixa marcas físicas nas células do esôfago, podendo levar ao câncer no órgão, revelou um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o câncer de esôfago é o oitavo tipo mais comum no mundo e o sexto de maior mortalidade.
Durante
cinco anos, os pesquisadores coletaram amostras de tecido tumoral e de sangue
com o intuito de analisar o genoma de 552 indivíduos com câncer para
identificar a chamada "assinatura mutacional" - um padrão específico
de mutações no DNA para alguns tipos de câncer.
O
objetivo da análise era traçar um perfil dessas mutações e, assim, apontar
quais fatores comportamentais ou não levaram ao surgimento do câncer no
paciente.
“Um
caso conhecido é o de câncer de pulmão, em que essa espécie de marca genética é
causada pelo tabaco. O que observamos e ficou comprovado nesta análise é que o
álcool deixa um rastro específico nos tumores de esôfago. No entanto,
seguiremos realizando outros estudos, com novas amostragens, buscando
investigar as marcas dos outros agentes conhecidos”, explica Luis Felipe Ribeiro
Pinto, chefe do Programa de Carcinogênese Molecular e coordenador de pesquisa
do Inca.
Os
resultados da pesquisa, publicados na revista científica Nature Genetics,
integram um projeto maior, chamado Mutographs, liderado pela Agência
Internacional para Pesquisa em Câncer, da Organização Mundial da Saúde
(IARC/OMS) e pelo Instituto Sanger do Reino Unido, que conta com um grupo de
cientistas de dez países. O Inca é o representa do Brasil e da América Latina
neste grupo.
Para
compor o estudo, foram analisados o genoma de pacientes de oito países com
incidência variável: Brasil, China, Irã, Japão, Kenya, Malawi, Reino Unido e
Tanzânia. Em todos eles, a assinatura mutacional foi semelhante, afirmam os
pesquisadores.
"Associações
entre assinaturas mutacionais específicas e fatores de risco foram
identificadas para tabaco, álcool, ópio (...)", dizem os autores no
estudo.
No
Brasil, o câncer de esôfago é a quinta doença que mais mata homens, sem
considerar os tumores de pele não melanoma. Não à toa, do total de amostras
analisadas, 5,4% eram de pacientes do Inca.
Bebidas
alcoólicas, assim como o tabagismo e a ingestão de bebidas muito quentes
(chimarrão) são fatores que favorecem o aparecimento da doença.
Da Redação/Viva
Notícias
Fonte: g1
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