A Câmara dos Deputados aprovou, por 310 votos favoráveis e 142 contrários, requerimento de convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes, para que ele preste esclarecimentos no plenário da Casa sobre empresa de sua propriedade sediada em paraíso fiscal.
Guedes havia sido convocado
pela Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos
Deputados para que desse explicações sobre revelações obtidas pelo projeto
Pandora Papers, do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos
(ICIJ). As informações também incluem dados sobre empresas no exterior em nome
do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
A sessão para ouvir Guedes
ainda não tem data marcada. A perspectiva dos deputados é que seja realizada na
próxima semana. Segundo o autor do pedido, o líder da oposição, deputado
Alessandro Molon (PSB-RJ), o Parlamento brasileiro tem o direito e o dever de
cobrar explicações do ministro.
“O ministro transgrediu uma
regra clara e explícita que proíbe a conduta que ele adotou. Nós queremos saber
por que ele mantém os seus recursos pessoais em moeda estrangeira, em dólares,
enquanto a economia do país afunda”, afirmou. “Mais do que isso, há claro
conflito de interesses, quando a moeda brasileira se desvaloriza, diante de
moedas estrangeiras como o dólar, é nesta moeda que estão investidos os
recursos do ministro da Economia”.
Defesa
Contrário à convocação, o
líder do governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR), afirmou que o ministro já
havia se manifestado estar disposto a prestar esclarecimentos voluntariamente
na quarta-feira (13).
“Há aqui um desejo de marcar
posição politicamente na sua convocação. O nosso desejo, enquanto governo, é
deixar esse assunto resolvido porque temos muitos temas importantes para
votar”, disse Barros.
Por meio de nota, os
advogados do ministro Paulo Guedes informaram nesta terça-feira (5) que
apresentarão à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal
Federal (STF) esclarecimentos de que o ministro se afastou da gestão da empresa
offshore Dreadnoughts em dezembro de 2018, um mês antes de assumir o
ministério. Em nota oficial, a defesa do ministro negou que Guedes tenha atuado
de forma a misturar interesses públicos com privados.
Assinada pelos advogados
Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso e enviada pela assessoria de imprensa do
Ministério da Economia, a nota informou que os documentos a serem enviados aos
dois órgãos mostram não ter havido nenhuma remessa ou retirada de valores para
a companhia, que funciona nas Ilhas Virgens Britânicas, desde que Guedes tomou
posse como ministro da Economia. A defesa negou que ele tenha se beneficiado de
forma privada de qualquer decisão relativa à política econômica brasileira.
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